Moradores de diversas cidades do interior de São Paulo, atendidas pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), estão enfrentando um problema recorrente: a falta de água no período da noite. Relatos indicam que, após as 18h, o fornecimento de água é interrompido quase diariamente, gerando transtornos e preocupações entre a população.
Em cidades como Sorocaba, Campinas e Jundiaí, a situação tem se tornado cada vez mais comum. Os residentes afirmam que a água, quando volta a ser disponibilizada, só retorna durante a madrugada, o que obriga as famílias a adaptarem suas rotinas diárias, como tomar banho e cozinhar, para horários alternativos.
"Todos os dias, por volta das seis da tarde, a água simplesmente para de sair das torneiras. Ficamos sem saber o que fazer, pois não temos tempo suficiente para nos preparar", conta Maria Aparecida, moradora de Sorocaba. Segundo ela, a situação é especialmente difícil para famílias com crianças pequenas e idosos, que precisam de cuidados constantes.
A Sabesp, responsável pelo fornecimento de água na região, reconheceu a ocorrência do problema e informou que a situação se deve ao aumento no consumo durante os meses mais quentes, combinado com a queda nos níveis dos reservatórios. A companhia afirmou estar tomando medidas para minimizar o impacto, como a realização de obras para melhorar a capacidade de armazenamento e distribuição de água.
Entretanto, a justificativa não tem sido suficiente para acalmar os ânimos dos moradores. "Entendemos que o calor aumenta o consumo, mas a falta de planejamento é inadmissível. Pagamos por um serviço que não estamos recebendo de forma adequada", critica José Augusto, residente de Jundiaí.
Organizações de defesa do consumidor estão acompanhando o caso e orientam os moradores a registrarem suas reclamações junto à Sabesp e aos órgãos competentes. "A interrupção no fornecimento de água é uma questão grave, que afeta diretamente a saúde e o bem-estar das pessoas. Vamos cobrar explicações e ações mais efetivas da Sabesp", afirmou um representante do Procon.
A Sabesp anunciou que está monitorando a situação de perto e que, caso necessário, adotará medidas de racionamento para garantir o abastecimento em toda a região. Enquanto isso, os moradores seguem buscando alternativas para lidar com a escassez e aguardam uma solução definitiva para o problema.
Moradores afirma que o problema se iniciou após a Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou na noite de quinta-feira, 2 de maio, em segunda e definitiva votação, o projeto de lei que autoriza que a cidade de São Paulo possa aderir à privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), responsável pelo abastecimento de água. O projeto recebeu 37 votos favoráveis e 17 votos contrários, sem abstenções, e segue para sanção do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. A sessão foi acompanhada por diversos manifestantes, que protestaram a favor e contra a aprovação da privatização da companhia.